segunda-feira, 15 de dezembro de 2008

4º Andar.

Do quarto andar, a terceira estrela brilhava um pouco mais
Dava pra ver também a luz do farol, que gritava pra lá e pra cá, numa tentativa cega de chamar minha atenção...
Cada segundo tinha seu encanto, e a cada minuto a luz do farol respondia ao estático cantar daquela estrela.
Me resolvi por chamar a estrela de ELA, e o farol, de NINGUÉM.
As luzes eram minha única compania, e o som de alguém na sacada ao lado
Um retrato.
Outro prato.
E me lembrei do fardo, triste, só e cansado.

Do quarto andar tudo parece mais calmo, mais limpo
Tudo tem seu charme, sua doçura.
Aquela estrela que a pouco dançava para o farol gritar, ao poucos ia se desfazendo
Partindo ao chegar de um todo azul.
Nem deu para ver as crianças dormindo na fachada do Bradesco
Eu reconheço... Nem sempre lembro que elas estão ali.
Prefiro passar sem sorrir, assim fica fácil dormir.

Seis e oito da manhã,
E em minha janela inicia-se um fenómeno incrivelmente agradável.
A luz de dentro passa a não ser mais útil. E o som na varanda ao lado parou.
Orquestra Imperial toca sentimental
Ainda da pra ver aquelas luzes de natal. Elas tomam conta da cidade nessa época do ano.
Pessoas andam para todo lado
Mas vejo uma parada, deitada no asfalto.
Prefiro não ver essas coisas, me deprime e estraga meu café.

Do quarto andar, vejo um mundo que não conheço
Pessoas que esbarram, mas não vêem
As crianças do Bradesco.



Vinicius Casé de La Sota.

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