segunda-feira, 7 de novembro de 2011

Naurebar

Sinceramente não sei por que ainda escrevo, isso já não mais faz cessar minhas dores e angustias. Minhas mãos tremem feito bambu verde que dobra com o vento, minha voz é falha, e meus lábios ainda clamam por mais um cigarro. O som da maquina batendo as letras no papel não me seduzem como antes. Afinal, quem precisa de um velho escritor de bobagens e chavões.
Minhas velhas canções tocam no radio novo, com pilhas velhas. Tudo novo, novo velho.
Arde a alma o medo de não ter um dom, e que minhas palavras não passaram de escarradas na face da vida. Meu jeito, minhas coisas. Meu saco dói.
Não consigo sequer mijar direito sem sentir terríveis dores, e quando penso ter acabado, ainda assim molho minhas calças. Vida de merda.
Meus poemas mais antigos vem ganhando prêmios sem fim mundo a fora, e minhas palavras já se reproduzem em quase todos paises.
E eu fico aqui sentado, bebendo vinho, me lembrando do sabor do velho wisky, do dócil prazer de cada trago nos loucos cigarros de filtro vermelho.
A anos Alessandra me deixou, a casa continua uma bagunça, minhas unhas dos pés não param de crescer. E ainda assim um jornalista qualquer me indaga – Como é ser considerado a mente mais brilhante dos últimos tempo? – porra, é simples, seu saco dói, sua casa fede, e suas unhas dos pés não param de crescer.
Não há diferença entre a fama e o anonimato, os bagos continuam a doer.
Nunca tive paciência com repórteres, a não ser com aquele tal de Van. Puta cara legal. Bebia mais que eu, cheirava feito um aspirador de pó, e ainda assim me chamava de gênio.
Definitivamente, eu odeio as pessoas, não quero-as por perto.
Alessandra a tempos me deixou...
Meu telefone nao para de tocar, não atendo, mas também nao o desligo da tomada, gosto de ouvir os frenéticos TRINS que ele faz.
Quando trabalhei no porto carregando sacos e sacos de peixe para poder viver, eu jurei que não seria para sempre assim. Jurei que um dia entraria pela frente no restaurante mais cara que pudesse pagar, e comeria tudo que meu estomago suportasse armazenar.
Hoje, aos 74 anos, penso que poderia ter vivido como um pobre carregador toda minha vida, e problema nenhum teria isso. Se ainda tivesse minha Alessandra, e não me faltassem palavras, para lhe dizer o quanto a amo.
Foda-se todo esse dinheiro,
Foda-se todo esse imenso jardim.
Eu só queria mais um pouco de vida,
E que “minha vida” não se esquecesse de mim.


Por – Vinicius Case de La Sota

sábado, 30 de julho de 2011

Herança.

Que pecados cometi
Que não sou capaz de redimir-los apenas com ações.
Se sou eu ainda tão jovem, ainda tão vivo
Que pecados foram esses que me fazem desistir sem mais tentar.
Se fui eu tão promissor aos olhos de todos
Que pecado eu guardei, que ainda não me sinto vivo para sonhar.
Sinto que aos poucos estou perdendo o jeito
A calma, o calor.
Que pecados eu herdei, que me fazem sem virtudes, e coberto de pavor.
Prova o dia que nasce belo, e que “inturva” com o passar das horas.
Como se meus gostos fossem uma oferenda para tudo o que faz mal.
A dias não escrevo,
Me faltam desejos,
Me faltam palavras.
Se sou eu mesmo tão esperto
Que pecado ainda pago, que não consigo te ter por perto.
Justo eu,
Eu que sempre a vida brindei,
Eu que sempre para vida sorri.
Quantos pecados ainda restam
Quantas noites ainda sem dormir...
Facilmente me assusto, normalmente me abalo
As mão tremem e não escrevem
Hoje vivo sem trabalho.
Por quantos dias ainda?
Por quantas noites ainda?
Vejo triste a menina que jurei somente amar.
Malditos pecados meus.
Que me privam de torna-la feliz.
Já fui mais divertido, mais falante, mais bonito.
E quantos pecados cometi,
Que me vejo apodrecendo no espelho.
As horas vão passado, mais um sábado indo embora.
E a duvida que ecoa em minha mente sem memórias.

Que pecados cometi, que me privam de viver. Se tantos outros são ruins, por que resolveram me escolher...?

Por – Vinicius Case de La Sota

quinta-feira, 21 de julho de 2011

Velhas Lembranças.

Meu gramado era verde, tal como os muros que me protegiam, cobertos em galhos e galhos de trepadeiras que vez ou outra eram cortadas por alguém.
Brincava de bola, enquanto Polly corria de um lado para outro sem querer entrar no canil.
Sala gelada, o velho com seu jornal e a varanda.
Ela preparava o almoço, iluminada pelo lindo sol daquela manha de domingo.
Asfalto novo na rua, oito novas rodas para meus pés, presente do velho.
Meu braço quebrado, minha vizinha tão doce.
Doce de coco,
Doces lembranças.
Um dia o latido de Polly sessou,
Um dia meu estomago doeu.
Tantas lembranças.
Meu velho José e suas canções,
O velho Held de olhos claros e sorriso sereno.
Minha velha Maria e suas intrigas.
Quase 20 anos,
Parecem que foram horas.
Hoje o quarto amarelo coberto por minha própria desordem
Minhas duvidas, meus tão poucos talentos.
Enfrento o tempo, e rezo para que passe,
Rezo para esquecer.
Aprendo com ela todos os dias
Minha linda princesa.
Olha para flor e me lembro de Polly,
Olho para mim, e já não sei bem quem sou.
Olho para o velho, e não me vejo em seus olhos.
Tanto mudou, tanto aprendi.
Tanto já me dei, tanto já ganhei.
E nada apaga meu velho verde gramado.
Preciso de um remédio anti-lembranças
Talvez assim eu seja capaz de olhar para o futuro,
E sentir prazer e me levantar todas as manhãs.
Sinto que estou perdendo o jeito com as pessoas,
Não sou mais tao divertido, nem tão inteligente quanto diziam a tempos atrás.
Olho retratos antigos,
Canto velhas canções.
Para onde todos foram ?
Para onde ainda devo ir ?
Aperta e amarga o peito, o fato de só de duvidas viver.
Hoje, já não quero acertar,
Já não quero dormir,
Já não quero sentir.
Hoje, eu não quero me lembrar quem eu sou.


Por – Vinicius Casé de La Sota.

terça-feira, 12 de julho de 2011

Velho Moço

Me disseram que o tempo se afasta a cada dia de nos, e que não importava para onde eu fosse sempre seria assim. Mesmo que eu lutasse, mesmo que eu fosse o melhor, que desse o meu melhor, o tempo para sempre se afastaria de mim.
Como o tempo que se vai, hoje meu canto é soa bem, alto, impulsivo.
Sombras de pensamentos se fazem na cabeça deste que a poucos leu triste o tão triste comentário em sua pagina de recados. Dizia o pai, “Meio Tristão, mas estou bem. É que o tempo passa rápido”.
Caminho pelo quarto que sequer é meu, cigarro acesso entre os dedos, fumaça fumegante que toca o teto de madeira e caminha lentamente para a janela. Entre os dedos uma nova aliança, prova de meu amor maio por alguém. Entre os braços, novas tatuagens de estrelas que espero saber fazer brilhar. Entre os olhos um fino nariz, Única característica herdada de quem o pariu. Entre o peito, um amargo, um silencio, tantas duvidas.
Meio Tristão, ele disse.
Como o tempo passa rápido,
Tudo o queate hoje fiz, de nada valeu, nenhum sorriso lhe deu...
Como o tempo passa rápido.
Entre as veias o sangue dele, entre a carne um coração.
O tempo que me leva, é o tempo que te faz.
Que te faz ver
Que te faz sentir
Que te faz querer.
E eu,
Com tanto tempo ainda, com tanta vida ainda,
Com tanta saúde ainda.
Ainda me sinto só
Como e fosse algo que ainda não existe.
Ainda com tanto tempo,
Essa noite me sinto triste.

“É que o tempo passa rápido”.



Por – Vinicius Casé de La Sota.

quarta-feira, 27 de outubro de 2010

Minha mais rara Flor.

Não me lembro quando te conheci,
Não me lembro da data. Nem que horas eram.
Eu sempre me esqueço de tudo,
Finjo que sei e fico mudo.
É bom para não te atordoar.
Não me culpo por tal displicência
Afinal, já fazem quase 40 anos.
Sou feliz ao seu lado, sempre fui
Pude por todos esses 66 anos de idade jurar a todo dia
Que não queria mais viver ao seu lado
E na manha seguinte, você me acordava com aquele lindo sorriso.
Minha memória me é falha
Minhas mãos hoje são tremulas.
Mas ainda me lembro das rosas.
Da carta
E do poema.
Assim eu dizia.
“Moça a quem tanto amo, moça a quem não engano,
Desejo a nós vida longa, pois ao teu lado para sempre quero dormir”
Frases perdidas, sem rimas
Que te encantaram quando menina.
Como o tempo passa ligeiro,
Lembro do Paulo, em seu primeiro dia de escoteiro.
Eu sempre pensei que iria primeiro...
Te jurei cuidar de ti para sempre, dure o sempre quanto tempo durar.
Preciso parecer forte diante de tantas pessoas.
Não faço idéia de quem sejam metade delas.
O Paulo não vem, teve de viajar
Aquele trabalho que lhe consome
Aquele trabalho, sempre em primeiro lugar.
Você ainda está tão linda
Combina com cada uma das flores neste lugar.
Seu lugar preferido.
Nosso jardim proibido.
Deus, como você está fria.
Quase me perco em uma lagrima
Ninguém notou.
Tenho de ser forte
Forte por você meu amor.
E vá agora para onde for, mas não carregue esse cheiro de flor.
Vou derrubar seu jardim
E criar algo para mim.
Algo para não me deixar esquecer
Que um dia tive você.
Já não consigo conter minhas lágrimas.
Pás de terra que vão e vem
Como se ali não houvesse ninguém.
Adeus meu amor.
Vou cuidar dessa vida,
Sem teu cheiro de flor.

Por – Vinicius Casé de La Sota

terça-feira, 21 de setembro de 2010

Refazer.

Penso em tantas coisas,
Tantas me fazem calar.
Outras me fazem apenas deixar...
Vejo que estou mudado,
Reformulei meu universo,
Troquei a cor de quase todas as roupas.
Mudei de quarto. De sapato.
E o mesmo fardo.
Entendo o sábio da cruz,
que em meio o sofrimento só amou quem o seduz.
E a tal também comigo carrego.
Com meus espinhos e pregos
Sigo com minha turva procissão.
Sinto que não sou mais tão legal
Tão divertido.
Nem tão amigo.
Rasguei essa noite o que sobrava de mim.
Transformei o meu tempo, em um tempo ruim.
Mas me sinto vaso novo, tudo novo d´novo.
Refiz o meu mundo, redecorei meu universo.
E sem fome eu confesso.
Amo mais alguém que a mim mesmo.
De quanto valeu todas as outras noites. Todos os outros sonhos?
Meu sonho se fez lentamente em noite outonal.
Cinza nasceu o dia em chuva matinal.
Tudo se desfez, tudo começou outra vez.
Não mudo mais meus caminhos,
E ainda que seja para seguir sozinho
Triste e febriu gritarei
EU SEI QUE TENTEI.
Sei quanto tentei.
Sei o quanto errei,
E vou errar outra vez.
Pois na vida, não há sentido sequer
Se não apenas viver.
Estou vivo.


Por – Vinicius Casé de La Sota.

quarta-feira, 15 de setembro de 2010

Platônico.

O doce gosto que ontem sentia findou.
Feito vinho que acaba sem sequer deixar rastros de seu sabor.
As cores continuam as mesmas,
As musicas também.
Nada mudou.
Inventei meu mundo de faz de conta, já contando com o mesmo final de sempre.
Eu sempre me perco. Sempre deixo escapar.
Mas vivo intenso calor de cada palavra. De cada olhar.
Sempre assim.
Divertido e perigoso para você.
Abstrato e confuso para mim.
Na maior parte do tempo, vestida em minha armadura de aparência
Não deixo que veja meus medos, minha displicência.
Acredito ser feliz assim. Nada me falta.
Até minha próxima aventura.
E por mais uma vez eu me perco.
Me escondo em cantos sem cantos românticos.
Tranco as portas e as janelas de meu céu
E espero o tempo passar, para por mais uma vez, dizer adeus a alguém.
Sintetizo as cores e os sons, dou vida e brilho único a cada um deles.
E na manha seguinte após “acordar”, tudo esta como antes, nada mudou...
Não era um sonho, não era amor.
Apenas o perfume da mais uma flor.
O doce gosto que ontem sentia findou.
Feito vinho que acaba sem sequer deixar rastros de seu sabor.
Você desplatônizou.

Por – Vinicius Casé de La Sota.