segunda-feira, 20 de abril de 2009

O vermelho sem rosto

Com cortes nos pulsos
A menina de tranças atravessa a rua
Nem se lembra de onde vem
Mas sabe exatamente para onde vai
Fictício é seu estimulo
DOR
Ela gosta de se sentir assim
Gosta de cada segundo de sofrimento
Gosto de como mancha de vermelho
O asfalto preto
Cansada de suas diretrizes
De toda essa falsa poesia nos imposta em horário nobre
Com os pulsos cortados
A menina de tranças atravessa a rua.
Brinca com os cães que nem ali estão
Considera justa suas causas
Suas farsas
Suas indagas
Não mentiu quando disse que aquele seria seu ultimo grito de liberdade
MORRER por algo que se acredita
Dividir com todos sua própria definição de vida.
E com suas tranças atravessa a rua
O sangue não para
Seus olhos não fecham
Divina e glamurosa
Desfruta de cada olhar
Os “pasmos” que por ali passavam
Sentiam em si toda a dor que aquela felicidade causava
Ninguém disposto a dizer uma palavra
O transitou parou
E a menina de tranças dançava pela rua
Como disse Sinatra, ela estava fazendo do seu jeito
Era aquela sua arte, seu momento de publicidade
Era hora de comer a sua parte
Do bolo de mentiras que o mundo a presenteou.
A menina de tranças não tem nome
Não tem rosto
E como todos os outros ela praticamente não existe
Não existia...
Ate aquele momento
Tornou-se publica, evidente e cativante
Dançando ao som dos carros como uma bailarina de estante
O branco de seu vestido coberto de vermelho criado por gotas de sangue
Doravante.
A menina de tranças atravessa a rua
Se quer esta nua para chamar tanta atenção
Suas musicas e poesias nunca tiveram tanta repercussão
Nem mesmo seus quinze minutos de fama num domingo no Faustão.
Artista de todas as artes
Cantora de Jacque Brel
Agora pinta no centro o vermelho de sangue
E de sangue ilustra a todos o céu.
Com os pulsos cortados
A menina de tranças atravessa a rua
Vive divino aquele momento só seu
Agora no chão com o rosto ralado
Diz um menino:
Hoje um anjo nasceu.


Vinicius Casé de La Sota.

Um comentário:

Tâmara Kelly disse...

Nossa é incrivel e triste...
Abstrato e diferente.
Gostei mtoOoo.
=*