Passageiro.

Roubaram de mim as asas
A tempos podia jurar que para sempre estaria a cortar o céu.
Relutei ao amanhecer, quase 20 anos depois.
Sinto que meu tempo esta no fim
E que o fim de tudo, hoje é minha única certeza.
Sinto falta de tantos outros
Tantos amigos... Tantas paixões
Sinto falta dos meus pais.
Podia jurar que seria diferente
Tinha nítido em minha mente
Um futuro promissor
Textos na ponta da língua
Sempre com um riso intimista.
Em outra época, todos apostariam em mim.
É. Eu era assim.
Limpo de todas imperfeições sociais
Coerente com minhas propostas
Fiel aos meus idéias.
Tantos dias de brandos risos
Tantas noites de longo gozo.
Para onde foram todos?
No escuro do pequeno quarto me calo
E me lembro de textos que adorava recitar.
Me lembro das musicas que adorava cantar.
Hoje a mim não compete
Sequer o som do velho trompete.
Vivi cada dia
Sonhei cada instante
Acordei e dormi
Com tantas... com tantas.
Onde elas estão?
Algumas na vida, outras em televisão.
Chorei quando um riso na lua estampava o céu
(rs) noite cruel.
Vestia eu preto, terno e chapéu.
E noite a dentro procurei me calar
Sei bem quem eu fui
E quem talvez ainda sou.
Fui sempre tão bem.
Que nem quero lembrar.
Maldito escritório de marketing
Me fizeram usar da Levis para a foto do cartaz.
Nada contra a marca.
Mas parece uma propaganda estabanada.
Não sou assim.
Nunca fui assim.
No escuro do quarto lembro dos últimos e tão poucos abraços.
Do braço da cada.
Do abraço de um.
Um ou dois.
Terno preto e chapéu.
Quase viro um cordel
Mas ao menos por hora não vejo razoes para tal.
Amavam meu riso
Hoje me julgam banal.
Nem me lembro
Nem me permito lembrar.

(MUSICA).
“Ia ia, se eu peco é na vontade de ter, um amor de verdade...”

Por – Vinicius Casé de La Sota.