quinta-feira, 21 de julho de 2011

Velhas Lembranças.

Meu gramado era verde, tal como os muros que me protegiam, cobertos em galhos e galhos de trepadeiras que vez ou outra eram cortadas por alguém.
Brincava de bola, enquanto Polly corria de um lado para outro sem querer entrar no canil.
Sala gelada, o velho com seu jornal e a varanda.
Ela preparava o almoço, iluminada pelo lindo sol daquela manha de domingo.
Asfalto novo na rua, oito novas rodas para meus pés, presente do velho.
Meu braço quebrado, minha vizinha tão doce.
Doce de coco,
Doces lembranças.
Um dia o latido de Polly sessou,
Um dia meu estomago doeu.
Tantas lembranças.
Meu velho José e suas canções,
O velho Held de olhos claros e sorriso sereno.
Minha velha Maria e suas intrigas.
Quase 20 anos,
Parecem que foram horas.
Hoje o quarto amarelo coberto por minha própria desordem
Minhas duvidas, meus tão poucos talentos.
Enfrento o tempo, e rezo para que passe,
Rezo para esquecer.
Aprendo com ela todos os dias
Minha linda princesa.
Olha para flor e me lembro de Polly,
Olho para mim, e já não sei bem quem sou.
Olho para o velho, e não me vejo em seus olhos.
Tanto mudou, tanto aprendi.
Tanto já me dei, tanto já ganhei.
E nada apaga meu velho verde gramado.
Preciso de um remédio anti-lembranças
Talvez assim eu seja capaz de olhar para o futuro,
E sentir prazer e me levantar todas as manhãs.
Sinto que estou perdendo o jeito com as pessoas,
Não sou mais tao divertido, nem tão inteligente quanto diziam a tempos atrás.
Olho retratos antigos,
Canto velhas canções.
Para onde todos foram ?
Para onde ainda devo ir ?
Aperta e amarga o peito, o fato de só de duvidas viver.
Hoje, já não quero acertar,
Já não quero dormir,
Já não quero sentir.
Hoje, eu não quero me lembrar quem eu sou.


Por – Vinicius Casé de La Sota.

Um comentário:

Louise disse...

Aonde quer que eu vá,
eu descubro que um poeta
esteve lá antes de mim.

Parabéns!!!!